Crenças na vida para além da morte

O homem, ao procurar manter um elo com o mundo divino, sempre cercou os seus mortos com cerimónias dos mais variados tipos, dependendo do país e dos seus costumes. Desde o chamado período paleolítico, os homens enterravam os mortos no intuito de que a grande deusa, a Mãe Terra, cuidasse dos seus filhos que estavam a voltar, os quais germinariam e se transformariam em plantas. Por outro lado, nos povos do Baixo Nilo e nos sítios arqueológicos de Sergipe foram encontrados corpos enterrados em posição fetal, como se estivessem vivendo urna nova gestação. Todos estes rituais refletem as crenças na vida para além da morte, que já eram próprias das civilizações antigas. Além disso, muitos destes povos, acreditavam que podiam comunicar com a natureza e alterar os seus comportamentos através da magia.


 

A crença na reencarnação

Com o aumento de seu conhecimento, o homem cogitou a hipótese de reencarnação, com a possibilidade de existências em outros planos. Foram-lhe atribuídas essências divinas, com as quais o morto poderia dar assistência, aqui na Terra, em forma de espírito.

A vida depois da morte no antigo Egito

De entre todas as sociedades, a que mais se preocupou com a morte foi, sem dúvida, a egípcia. Os egípcios antigos acreditavam na vida depois da morte e que as suas almas viveriam para sempre. O processo de mumificação do Egito, conhecido no mundo inteiro, é a maior prova disso.

Os egípcios e a mumificação

No processo de mumificação o corpo era embalsamado e colocado num caixão a fim de manter o espírito. O corpo era desidratado com ervas aromáticas, que eram atadas a ele com sucessivas faixas. Colocavam-se então as joias funerárias e os seus talismãs. Este processo demorava cerca de setenta dias para ser concluído e no início era apenas usado pela classe sacerdotal. Só os faraós eram mumificados mas, por volta de 2.300 a.C., este privilégio tornou-se extensivo a todos os que tinham meios suficientes.

Rituais fúnebres do Egito

 

Os gregos e a alma

Já na Grécia e em Roma eram muito conhecidos os banquetes fúnebres, onde se ofereciam alimentos em nome do morto, para que este fixasse seu espírito em casa. Eram chamados de "Lares", com as funções específicas de proteger a casa e interceder a favor de sua família junto aos deuses.

Os gregos eram dominados pela religião, razão pela qual os templos da antiga Grécia eram os maiores e mais bonitos edifícios. Estes templos eram ornamentados com esculturas decorativas em forma de frisos e estátuas, muitas das quais ainda podem ser hoje vistas.

Os celtas e o contacto com os mortos

Os celtas viviam na Europa Central acerca de 500 anos antes de Cristo. Em relação às crenças, também reconheciam a importância da alma, e diziam que a cabeça era a sua morada. Por isso, tingiam os cabelos dos seus mortos e usavam brincos e colares. O contacto com o mundo dos mortos era considerado normal, e cada um fazia uma prece ao ancestral morto, que agora passava a ser divinizado.

Religião cristã

 

O cristianismo e a vida eterna

Os fiéis do Novo Testamento acreditam que, ao morrer, a pessoa encontra-se com Deus e que os seus atos são, então, julgados. Para eles, existe o céu, um estado de felicidade, para onde serão encaminhadas as almas após um estado de purificação num estado intermédio ou purgatório. É neste estado que são expiadas as culpas adquiridas em vida, resultantes dos pecados cometidos contra a lei de Deus e o Evangelho, os quais ensinam a amar o próximo como a si mesmo e a Deus sobre todas as coisas. Neste sentido, os santos representam as almas mais avançadas e encontram-se já no céu, junto de Deus, a interceder pelos vivos na Terra. A veneração dos santos faz parte da cultura cristã,dado que eles foram à mensagem de Cristo e exemplo de comunhão com Deus e amor ao próximo.

Antigamente, no cristianismo mais arcaico, ainda era pregada a visão do inferno, perante a qual os pecadores sem salvação eram conduzidos a este estado de tormentos, por terem rejeitado definitivamente o dom gratuito do amor de Deus. De qualquer forma, a mensagem central do cristianismo é a ressurreição de Jesus Cristo, Filho de Deus, que mediante o qual todos terão acesso à vida eternam, e da qual participam já através do sacramento do batismo. 

Os cultos hindus

Para os hindus os rituais fúnebres podem ser diferentes de região para região. Foram encontradas três mil divindades cultuadas, cada qual com o seu rito. Alguns destes rituais (nove ao todo) são mantidos em segredo. O mais comum é a cremação do corpo.

Um aspeto importante do hinduísmo é o «karma», que é uma crença de que as pessoas estão afetadas pelo que fizeram em vida anteriores e pelo que vão fazer no futuro. Os três deuses hindus mais importantes são Brama, o criador, Vixnu, o preservador, e Xiva, o destruidor. São eles que regem em vida após a morte.

Os índios brasileiros e o despego do mundo terreno

Entre os índios brasileiros existe a crença de que a felicidade da pessoa que morreu depende de seu rompimento definitivo com os laços terrenos. Algumas tribos queimam todos os pertences do morto, para que ele não tenha mais motivos para voltar.

As crenças na vida para além da morte existem em muitas culturas e religiões, como na civilização egípcia, no hinduísmo e no cristianismo.