Os seus sonhos podem fornecer-lhe muitas informações sobre si próprio. Eles tendem a funcionar como metáforas e, neste sentido, pode se muito útil saber a interpretação e o simbolismo dos sonhos.
Os sonhos e a História
Por vezes os sonhos são apenas uma repetição de acontecimentos da nossa vida, mas geralmente contêm uma história própria combinada com imagens bastante vivas. O adivinhador romano do século II, Artemidorus, escreveu que «os sonhos e as visões são dados aos homens para sua vantagem e instrução», mas avisou igualmente que «o mesmo sonho nem sempre tem um significado idêntico para diferentes casos e diferentes pessoas».
O livro dos sonhos
Alice, de Lewis Carroll, apresenta as criaturas fantásticas, os estranhos acontecimentos, as conversas confusas e a lógica alterada, que tantas vezes aparecem nos nossos sonhos. Esta ilustração, intitulada Alice e a Rainha Vermelha, deve-se a Yohn Tenniel (1820-1914).
Como interpretar os seus sonhos
Sigmund Freud descreveu vários símbolos sexuais que aparecem muitas vezes nos nossos sonhos, e Carl Jung afirmou que muitos dos símbolos que aí surgem parecem ser comuns a toda a humanidade. No entanto, não devemos nunca partir do princípio de que são estes símbolos universais que aparecem nos nossos sonhos. É importante tentar definir o nosso próprio simbolismo.
Apesar de os sonhos serem essencialmente visuais, as imagens que utilizam baseiam-se muitas vezes em jogos de palavras, provérbios e metáforas. Convém ainda recordar que os significados dos sonhos podem alterar-se, em particular, numa época em que a comunicação social se tornou tão importante como hoje. Qualquer significado «geral» pode, de facto, mudar, devido à popularidade de um filme onde aparece, de uma série de televisão ou de uma imagem publicitária. Por exemplo, a palavra madonna, que designa a Virgem Maria em inglês, está hoje igualmente associada a uma conhecida cantora pop americana.
A interpretação dos sonhos em Sigmund Freud
A análise dos sonhos tornou-se aceitável em termos intelectuais, graças a Freud. Graças a ele, os símbolos que aparecem nos sonhos referem-se a verdades desagradáveis. Contudo, os seu modo de interpretar os sonhos tem sido muito criticado. Depois de se ter formado em neurologia, Sigmund Freud (1856- -1939) começou a praticar aquilo a que mais tarde se veio a chamar psicanálise. Inicialmente, e baseando-se nas experiências do seu colega Josef Breuer (1842-1925), utilizou a hipnose para tratar casos de histeria. Substituiu-a depois pela técnica das associações livres, começando a explorar os sonhos dos seus doentes à procura de soluções para os problemas deles.
A teoria freudiana e a análise dos sonhos
Freud pensava que os sonhos se referiam à satisfação de desejos — nos nossos sonhos representamos os nossos desejos mais profundos que, no caso de um adulto, são quase sempre sexuais. No entanto, como estes desejos podem ser ofensivos para o nosso consciente, a censura do superego procura disfarçar as nossas verdadeiras intenções. A dificuldade de compreensão dos sonhos, segundo Freud, «deve-se a alterações feitas pela censura no material reprimido». No entanto, esta teoria não explica a razão porque podemos ter um sonho muito disfarçado numa noite e outro muito mais simples sobre a mesma atividade no dia seguinte.
Críticas à teoria freudiana da análise dos sonhos
As ideias de Freud são bastante problemáticas, mas ele foi um dos primeiros pensadores modernos a alisar o simbolismo dos sonhos. Um dos erros de Freud terá sido analisar praticamente todos os símbolos dos sonhos em termos puramente sexuais. Os detratores de Freud afirmam ainda que as suas teorias, fundamentadas nos resultados que obteve a partir de doentes afetados psicologicamente, não se aplicam universalmente. No entanto, Freud foi de facto o fundador da psicanálise, criando as bases a partir das quais esta se desenvolveu.
Contributo de Freud para a psicanálise
Freud codificou e popularizou várias ideias já existentes sabre a interpretação dos sonhos, mas a teoria de um super-ego censor, que reprime ou disfarça os desejos do subconsciente, foi desenvolvida por ele.
O sofá dos sonhos
Os pacientes de Freud deitavam-se num sofá enquanto lhe contavam os seus sonhos. Para os analisar, Freud sentava-se por Irás deles, para não perturbar a concentração dos doentes.
Carl Jung e o inconsciente coletivo
Carl Jung foi um filósofo e psicólogo que incluiu a antropologia, a religião e a antropologia nos seus estudos. Jung apresentou a ideia de um «inconsciente coletivo», que será um repositório de imagens e histórias partilhado por todos nós.
A análise de Carl Jung
Carl Jung (1875-1961) começou por ser um defensor das teorias de Freud, mas afastou-se destas em 1913, seguindo uma orientação própria. Jung pensava que os sonhos tinham um significado — «Os sonhos podem exprimir verdades inelutáveis, afirmações filosóficas, ilusões, fantasias... e sabe-se lá o que mais.» A sua teoria do inconsciente colectivo afirmava que, apesar de o simbolismo dos nossos sonhos ser pessoal, baseia-se muitas vezes no universal. Depois de explorar as religiões e o folclore de diversas culturas, Jung constatou que estas partilhavam muitos símbolos, e que estes símbolos universais surgiam frequentemente nos nossos sonhos. Era como se todas usassem os mesmos blocos constitutivos na criação dos nossos sonhos.
Jung tinha em conta a imagem Ia personalidade que projetamos para o mundo exterior — a persona — e a «sombra» — as áreas da nossa personalidade que mantemos escondidas. É esta sombra que vem à superfície nos nossos sonhos, muitas vezes sob a forma de outros personagens que constituem diferentes aspetos de nós próprios. Os conceitos de anima e animus estão relacionados com esta crença. Por vezes ambos aparecem nos nossos sonhos sob a forma de um arquétipo poderoso, cujo propósito é ensinar-nos aquilo que o nosso consciente se recusa a aceitar.
Por curiosidade, saiba que há um conjunto de trinta e oito postais, desenhados em Inglaterra em 1840, onde cada um deles apresenta a interpretação de um sonho acompanhada de uma ilustração divertida.
A interpretação e o simbolismo dos sonhos é baseada na psicanálise e analisa as mensagens do inconsciente com base nas figuras e metáforas.